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Arquitetos: André Simão & Nuno Bessa
- Área: 299 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Carlos Eduardo Vinagre
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Fabricantes: Barbot, Cimenteira do Louro, Navarra
Descrição enviada pela equipe de projeto. Parte integrante de um edifício de habitação coletiva desenhado no final dos anos 80 pelo arquiteto Adalberto Dias, o “apartamento 116B” é a ponta sul desta construção e o seu remate junto à margem do rio Cávado. Encaixado em pleno centro histórico da cidade de Barcelos, no norte de Portugal, o edifício resulta da engenhosa combinação entre volumes recortados e o longo plano inclinado da cobertura do seu corpo nascente - animado por varandas longilíneas - que acompanha a topografia do terreno, delimitado a sul por um muro imponente em aparelho de granito.
Esta intervenção resulta de um trabalho cuidado de pesquisa, procurando agora o equilíbrio entre novos pressupostos (em resposta ao envelhecimento natural do edifício e a sucessivas intervenções desprevenidas que contribuíram para a sua descaracterização) e os do projeto inicial.
É rigorosamente respeitado o desenho dos alçados (com exceção das caixilharias, há muito alteradas por acordo na assembleia dos moradores, de madeira para alumínio) e é adoptado, no interior da residência, o livro de estilo original do projeto, no que respeita aos materiais (madeira e granito) e à cor (tons claros nos planos verticais interiores e variações de vermelho nas caixilharias e serralharias). É definida uma metodologia assente em 3 pontos:
- A identificação dos elementos arquitetónicos significantes a restaurar integralmente;
- A reinterpretação dos elementos descaracterizados ou destruídos pelas sucessivas ocupações (são exemplo as instalações sanitárias e a cozinha);
- A sobreposição de novos gestos e valências, assente numa estratégia de diluição das fronteiras funcionais e formais entre as áreas interiores e exteriores da residência (todos os compartimentos habitáveis passam a ter saída para o exterior), aproveitando a luz natural abundante e a relação com a paisagem dramática do leito do rio.
É criado um circuito paralelo, utilizando elementos precários ou amovíveis, unindo o pátio exterior do piso de entrada (recuperado ao projeto original e que encontramos transformado num compartimento interior) ao terraço da cobertura, onde se recria a gama cromática de rosas e vermelhos, aqui utilizados no pavimento e lambril em lajetas de betão pigmentado e nas serralharias (escadas, guardas e remates/rufos).